Teias de Aranha

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Sinais do Tempo

O Segredo de Brokeback Mountain foi o grande vencedor da cerimónia de ontem dos BAFTA, em Londres, arrecadando quatro prémios da indústria cinematográfica britânica:
  • Melhor Filme
  • Melhor Realizador - Ang Lee
  • Melhor Actor Secundário - Jake Gyllenhaal
  • Melhor Argumento Adaptado

É de facto um bom filme. A história é muito bonita, a interpretação dos actores é excelente, os cenários são deslumbrantes e a fotografia faz-lhes justiça. Por fim, está lá a varinha mágica do Ang Lee. Contra factos não há argumentos.

Porém, não é o único bom filme deste ano e continuo a não compreender toda a excitação que está a gerar à sua volta e a forma como tem "limpo" tudo o que são entregas de prémios de renome. E pelo que tenho lido, não sou a única. Será que isso aconteceria se, em vez de uma história de amor entre dois homens, ainda por cima cowboys - símbolo máximo da virilidade - se tratasse de um amor, por qualquer motivo também proibido, entre um homem e uma mulher? Duvido. Ang Lee está a ser premiado por ter abordado o polémico tema da homossexualidade, que pelos vistos continua a ser um tabu maior do que eu pensava.

Histórias como esta ou parecidas, salve-se o devido contexto nacional e cultural, deve haver aos pontapés por este Mundo fora. Além disso, apesar da revolução dos "sixties", do aparecimento do HIV no princípio da década de 80 e toda uma re-educação de mentalidades a que obrigou, o advento da educação sexual nas escolas (que já devia ser obrigatório aqui), a máxima "todos diferentes todos iguais", a cada vez maior discussão de legalização de casamento entre homossexuais e outros indicadores que apontam para sociedades mais liberais, não é de estranhar que em pleno ano de 2006 um filme sobre gays (ainda) esteja a merecer tanto destaque?
Sinceramente não sei se considere isso bom ou mau sinal....