Teias de Aranha

segunda-feira, janeiro 23, 2006

The Yes Men

Os Yes Man chamam-lhe "Identity correction", o que significa que, na prática, estes senhores se fazem passar por quem não são. Normalmente, os alvos são líderes políticos ou dirigentes de poderosas organizações internacionais cuja actividade tem como única meta o lucro, e como grande consequência o cada vez maior fosso Norte-Sul. A última façanha consistiu em criarem um site graficamente semelhante ao da Organização Mundial do Comércio, embora com uma designação diferente. Contudo, as semelhanças ludibriaram os mais distraídos e os irrequietos rapazes começaram a receber convites para discursar em conferências por este Mundo fora. Não um Mundo qualquer, o "Mundo civilizado",onde se incluem países como a Finlândia, os Estados Unidos ou a Austrália. E o pessoal caiu todo. Melhor ainda, chegou mesmo a aplaudir certas barbaridades que os nossos heróis apresentaram... Tudo isto com o objectivo de chamar a atenção para a ganância das maiores economias de mercado. Mas contado não tem graça. Vale a pena ver documentário "The Yes Man", disponível em DVD. Inteligente, ácido, bem humorado e muito muito pertinente...

domingo, janeiro 22, 2006

Cavaco na Presidência da República

Depois dos anos do meu pai e já de regresso a esta "Terra de Sonho e Futuro" que é o Barreiro - pelo menos era o que se lia nuns outdoors felizmente já desaparecidos - chegou a vez de acompanhar os resultados das eleições presidenciais na televisão. Adoro! Cavaco Silva limpou tudo à primeira com 50, 59 %. Fiquei satisfeita, mas sinceramente não sei do que gostei mais: se da vitória daquele em quem votei ou se da abada que o Manuel Alegre (20,72%) deu ao arrogante do Soares (14,34%). O nosso ex-Primeiro Ministro - Presidente da República -fundador do PS - militante anti-fascista (não necessariamente por esta ordem) bem que poderia ter-se mantido no recato apropriado à sua condição de octagenário, mas não, armou-se em campeão e olha no que deu. Uma campanha de merda, sempre a dizer mal do outro e dos jornalistas, sempre mal disposto, de trombas, com cara de que "todos lhe devem e ninguém lhe paga", a falar de tudo o que fez no passado - como se alguém já se ralasse com isso - mandou-lhe a boa imagem toda para o galheiro. Mas a culpa não é só dele, os que o convidaram também tiveram culpa no cartório. Borrados de medo da popularidade do Cavaco, mandaram para lá o único que acharam que lhe podia fazer frente. Um erro de estratégia que se pagou caro. Para a próxima escolham alguém mais virado para o futuro porque de nostalgia estamos nós fartos. Quem vai à guerra dá e leva meus amigos.

De destacar também a intervenção da jornalista da TVI na sede da candidatura do Mário Soares. A menina, uma tal de Catarina qualquer coisa - Jalon ou Calon - ou uma assim parecida - resolveu entrevistar um dos ministros do actual governo, que, para os mais distraídos, por acaso é socialista. Portanto devia estar pouco f.. por causa da derrota do Soares, devia... e vai ela pergunta-lhe assim: "está satisfeito com o resultado destas eleições?", que é como quem diz: "está satisfeito com a humilhação pública de um candidato que vocês (otários) apoiaram e que não só levou na pá do rival da direita, como também do outro socialista que vocês desdenharam porque acharam que não tinha categoria suficiente"? Perguntas inteligentes e esclarecedoras é o que se quer...

Pacheco Pereira, esse esteve bem e com comentários que acertaram na mouche.

Um dia em cheio...

Hoje esteve um dia com frio de rachar no Alentejo, mas nem isso impediu a reunião de irmãos, tios, primos, os filhotes dos primos e os amigos. Uns viajaram de Lisboa, outros de Coimbra e até do Algarve só para o almoço de aniversário do meu pai. Um abraço colectivo sabe sempre bem e apesar de muitos deles, tal como manda a tradição familiar, não se suportarem uns aos outros, engoliram as divergências para o homanagear. Pois é, não é todos os dias que se fazem 60 anos - mais cinco e o senhor Mário já pode ter desconto de Terceira Idade em museus, exposições e espectáculos de todo o tipo. Chamem-me lamechas, mas não há dinheiro no Mundo que pague o privilégio da companhia de quem nos quer realmente bem. Milhões de beijos pai.